O juiz da Vara Criminal da Região Metropolitana da Comarca de Florianópolis, Elleston Lissandro Canali, decidiu, na tarde desta segunda-feira (22), enviar o processo que investiga a compra de 200 respiradores ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), após o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) identificar trocas de mensagens sobre o negócio em que o empresário Samuel de Brito Rodovalho cita o governador Carlos Moisés (PSL). Samuel foi quem, em um grupo de WhatsApp, falou que seria preciso pagar R$ 3 milhões de “comissão”.
Conforme o magistrado, a mensagem extraída do celular de Samuel aponta que o governador “tinha ciência e possível participação nos fatos delituosos que estão sendo apurados pela investigação“. Como governador de Estado tem foro privilegiado, só pode ser investigado pelo STJ. Por esse motivo, o MPSC e a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) declinaram do caso.
Leia também:
Douglas Borba e Leandro Barros são transferidos para cela especial na PM
Douglas Borba tem segundo pedido de liberdade negado pela Justiça de SC
Conforme depoimento de Rafael Ruschka Wekerlin à força tarefa que investigava o caso até então, Samuel se apresentou – no referido grupo de WhatsApp – como “intermediador” da compra dos aparelhos respiradores com o Estado de Santa Catarina e que, em dado momento, falou que daria para pagar os R$ 3 milhões de comissão. Após isso, Rafael saiu do grupo e disse que tratava-se de uma “furada”. Samuel também teria pedido para que todas as propostas fossem encaminhadas para o e-mail de Fábio Deambrósio Guasti – que, segundo o MPSC, recebeu R$ 2 milhões para representar a Veigamed.
Notícias no WhatsApp? Clique aqui: https://chat.whatsapp.com/LcIjuTus86K53EQX4uT80w
A investigação, até agora, levou para prisão preventiva o ex-chefe da Casa Civil Douglas Borba (PSL), o advogado Leandro Adriano de Barros, o médico e empresário Fábio Deambrósio Guasti, o advogado Cesar Augustus Martinez Thomaz Braga, e o presidente da Câmara de São João de Meriti (RJ), Davi Perini Vermelho.
Dos 200 aparelhos comprados, apenas 50 chegaram e, segundo perícia técnica, eles não servem para o tratamento de pessoas com Covid-19 em leitos de UTI, apenas para uso temporário em transporte de pacientes.
Moisés se defende
O governador Carlos Moisés concedeu entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, sobre a decisão da justiça de encaminhar o processo para Brasília.
“O governador e o cidadão Carlos Moisés da Silva têm interesse que a verdade venha à tona o quanto antes possível. Eu tenho uma história ilibada como homem público, a justiça e o cidadão catarinense sabem quem eu sou. Estou absolutamente tranquilo de que a própria justiça com a envergadura que tem trará a verdade sobre os fatos, e eu me empenharei pessoalmente para que isso ocorra de maneira célere”, afirmou Carlos Moisés.