Um em cada quatro servidores de Florianópolis está afastado por motivo de doença, a maioria na área da educação. O número é mais do que o dobro da média do estado. A prefeitura quer mais rigor nas análises dos afastamentos. O sindicato dos servidores diz que há sobrecarga de trabalho, como mostrou o RBS Notícias desta segunda-feira (16).
São 10 mil funcionários da prefeitura da capital. Na lista da Secretaria de Administração, a expressão “licença para tratar de saúde” aparece ao lado de vários nomes. “Nós temos, em média de 22% a 25% dos servidores da prefeitura afastados para esse tratamento”, disse o secretário, Everson Mendes.
A média é maior do que no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que tem 55 milhões de contribuintes: um em cada 100 trabalhadores está afastado por motivos médicos.
Em Florianópolis, a maior parte dos afastamentos ocorre nas escolas municipais. Em média, mil professores e auxiliares de sala, todo mês.
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“Se nós olharmos uma média de Santa Catarina, que não chega a 9% na educação, uma média de outras cidades, Joinville, por exemplo, que também não chega a 9%, a nossa média, 20%, é uma média considerada alta”, disse o secretário de Educação de Florianópolis, Maurício Fernandes Pereira.
Substituição
Quando um servidor da Prefeitura de Florianópolis fica afastado para cuidar da saúde, a própria prefeitura tem que continuar pagando o salário integral dele, além do vale-alimentação, que é garantido por um acordo sindical. E, muitas vezes, tem que contratar um substituto para cobrir esse servidor.
“Cada professor substituto custa, em média, aos cofres públicos, R$ 50 mil/ano. Então nós estamos falando de um dinheiro substancial, por exemplo, para pagar as obras que estão em atraso”, disse o secretário de Educação.
A Secretaria de Administração fez as contas. Somando os salários de todos os servidores afastados e substitutos, por mês, o gasto é de R$ 5 milhões. Em um ano, esse valor chega a R$ 60 milhões. “Isso é dinheiro público e nós temos que ter essa responsabilidade”, disse o secretário Everson Mendes.
Na semana passada, ele reuniu a equipe de peritos e pediu mais rigor na análise dos afastamentos. “Nós queremos respeitar o servidor que realmente está doente, que precisa do atestado médico do seu afastamento. Mas nós também não podemos corroborar com a ilegalidade, com aquilo que talvez seja uma indústria que ele tenha para sair, ter um subterfúgio”, disse o secretário de Administração.
Exaustão
“A maioria absoluta posso te afirmar que são bons profissionais. Tem exceções? Tem. Inclusive, nossa rede tem um estudo da própria prefeitura que, em quatro anos, 20% dos que se efetivaram pediram demissão. Ou, por processo administrativo, foram demitidos. Porque não se enquadraram no trabalho da prefeitura”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem), Alex Santos.
Em 70% dos casos de afastamento, as queixas são de depressão e ansiedade. O sindicato dos servidores municipais diz que os professores estão exaustos. “Há uma sobrecarga de trabalho, excesso de tarefas, de preenchimento de formulários”, declarou o presidente do Sintrasem.
A nova gestão municipal ainda não tem um programa para reduzir os afastamentos acima da média. A prefeitura tem sete médicos peritos que analisam os pedidos de afastamento, quando são por mais de três dias.
O secretário de Educação fala em prevenir. “Um trabalho preventivo de saúde, desde voz e outras questões vinculados a uma sala de aula. O outro trabalho preventivo é mostrar claramente qual é o trabalho, qual é a nobreza de ser professor”.