Por Lucas Queiroz Fernandes*
Acabamos de acompanhar um belíssimo e grandioso evento esportivo no Brasil, os Jogos Paralímpicos Rio 2016. Foi impressionante observar o desempenho desses atletas, apesar das diversas limitações motoras. Mas nem tudo é como parecer ser; a “criatividade” dos atletas paralímpicos para aumentar seus desempenhos ultrapassa os limites. A exemplo de uma fração daqueles com insensibilidade nos membros inferiores, ocasionada por lesões na medula espinal e paralisia, que adotam técnicas desumanas para aumentar seus rendimentos.
A prática brutal conhecida como boosting foi descoberta nos anos 90 e rapidamente proibida pelo Comitê no ano de 1994. Com o objetivo de aumentar a pressão sanguínea, oxigenar mais os músculos e incrementar a resistência, resultando em uma melhora de até 10% do rendimento do atleta, eles se torturam: estrangulam os testículos, colocam alfinetes neles; fraturam o dedão do pé; aplicam choques elétricos nas extremidades; ou obstruem a bexiga para levá-la ao limite. O que preocupa seriamente o Comitê, tendo em vista os graves danos causados à saúde do atleta e o aumento artificial do rendimento, o que gera uma desigualdade injusta nas competições.
Com o objetivo de combater esta prática, optou-se por medir a pressão arterial de cada atleta, já que a pressão alta é um dos reflexos de quem pratica o boosting; desta forma, aquele que exceder a medida de 160 mmHG será submetido a analises mais detalhadas a fim de verificar se estão submetendo-se à esta técnica. E como ocorre nos casos de doping, caso confirmado o boosting o atleta sofrerá a pena de suspensão.
* Lucas Queiroz Fernandes é de Florianópolis. Advogado especialista em Direito Desportivo, integrante do escritório Nazário Advogados Associados. lucas@nazario.adv.br